sábado, 6 de abril de 2013

ESTAR COMIGO É SUFICIENTE





Um Longo Sono

João Carlos Reynolds Mendonça Português, conhecido e chamado, pelos buscadores -  Ganesha - nome dado pelo seu amado mestre Mooji, nasceu em 1954 numa pequena praia nos arredores do Porto. Quarto filho de nove irmãos teve uma educação religiosa, católica, tendo sido, desde muito cedo, conectado, pelo núcleo familiar e social, como um inconformado, revolucionário idealista, e elemento que contestava e punha em causa o que era tomado como verdade.
 Desde muito novo sentiu uma atracão por Jesus Cristo, seus ensinamentos e sua vida. A presença de Jesus Cristo acalmava-lhe o coração e abria-o para o Amor.
Nessa altura começaram-lhe a assolar as perguntas: “quem sou eu e o que estou aqui a fazer”?
Os condicionamentos da vida que lhe era oferecida e imposta, regras sociais, morais e religiosas, trouxeram-lhe imensas identificações, dúvidas e contradições. Procurou na religião, política, movimentos e filosofias e na psicologia a Verdade de Deus.
Passou por experiências de ligação com a Igreja Católica, movimento hippie, partidos políticos e filosofias, movimentos e doutrinas espirituais, mas nada lhe acalmava o coração e lhe trazia as respostas que tanto procurava.
Acabou por se render, tal como tanta gente, ao estado de sono e fazer o que era esperado, cursou  em Coimbra, onde se formou, casou e teve três filhos.
Aparentemente, tudo estava certo, cidadão participativo, pai de família, trabalhador e empresário; mas afinal nada estava certo. Dentro de si continuava o forte apelo para o conhecimento e o encontro com Deus. A insatisfação continuava a ser a sua companheira de viagem. Nada do que era e fazia tinha sentido, mas era o esperado, não havia outra realidade e o sofrimento, como não podia deixar de ser, permanecia firme, também, nesta jornada.

O Lento Despertar

Em 1993, a propósito de um curso profissional que foi convidado para lecionar, conheceu um casal. Desde o primeiro dia que sentiu algo de diferente neles. Após uma aula convidaram-no para tomar um café e então, no fim da conversa, algo interior, algo que nunca até então tinha experienciado, aflorou. Eles eram espíritas e faziam parte dum grupo bastante ativo.
Desde esse dia e por dois anos, esteve profundamente ligado a esse grupo, com o qual teve inúmeras experiências mediúnicas. Uma Paz interior e uma Alegria acompanharam-no durante essa época, no entanto, por traz dessa Paz e Alegria, continuava a perceção, inexplicável, de que faltava qualquer coisa, não era suficiente, sentia que havia mais qualquer coisa.
A busca continuava e separou-se do grupo, mas ficou para sempre o entendimento da “vida após a morte” acompanhado de alguma Paz. Apesar de tudo, tinha acontecido uma desidentificação com o mundo e com os condicionamentos da vida, mas não era suficiente, havia ainda uma crença que existia uma pessoa, de que era uma pessoa.

O Acordar – O meu Testemunho do Acordar

Alguns anos mais tarde, mais propriamente em Março de 2010, o meu filho mais velho, ofereceu-me um livro no dia do Pai: O Poder do Agora do Mestre Eckhart Tolle. Foi o princípio do fim.
O sentido do livro foi enorme, mexeu bem dentro de mim, de tal forma que a transformação foi imediata.
Lembro-me de, no primeiro dia, em que o comecei a ler, não conseguir parar, fiquei até às 2 da manhã a lê-lo, e senti: é isto. É isto que faltava, aqui está a Verdade, aqui está o caminho para Deus. Senti de imediato que tinha terminado a busca pelo caminho. Foi como se estivesse num mar enorme, cansado de nadar e sem saber que direção tomar e, de repente, encontrar um barco e um mapa com a direção a seguir.
Foi o princípio do acordar, mas agora com um caminho. A busca tinha começado há muitos anos e o despertar para a vida Espiritual também, mas sem noção do que estava a acontecer e sem caminho.
A desidentificação foi enorme e rápida, desde a mudança de trabalho, até ficar sem lugar para morar. A minha irmã mais velha ofereceu-me a casa dela para ficar, onde fiquei durante 6 meses.
Sentia que tinha de me retirar durante algum tempo, sair do que me trazia para a identificação e ligação com o mundo da mente condicionada.
Li, meditei, contemplei, vi filmes de Mestres na internet e passei semanas e meses sozinho. Tudo fazia sentido. O conhecimento vinha em ondas. Experimentei estados de Beatitude, de Amor, Felicidade e Paz.
Uma vez estava no meu trabalho e o meu patrão chegou, estávamos a falar, e de repente sem nenhum anúncio, senti uma onda de Felicidade a invadir-me, fiquei em Paz e experimentei um Silencio interior como nunca tinha sentido, fiquei assim, nesse estado, durante todo o dia, mas como tudo que é fenoménico assim como veio se foi. Sei que a conversa que estava a ter com ele, nada teve a ver com essa experiência fenoménica. Essa experiência foi-se repetindo com alguma frequência. Agora sei que não permanecia nesse estado porque a Presença ainda não era suficientemente forte.
Comecei a sentir que me faltava a presença de um Mestre. À minha mente vinha o pensamento de que precisava de estar com um Mestre.
Procurei comunidades espirituais. Nessa busca encontrei uma em Portugal, no Alentejo “Tamera”. Liguei-lhes e acordamos que os iria visitar, eles precisavam de uma pessoa com as minhas competências profissionais.
Visitei-os em 22 de Janeiro de 2011 e acordámos começar a trabalhar em Março desse ano.
Assim fiz, mas ao fim de duas semanas, percebi que não era o que eu buscava. Após algumas hesitações e pressões, decidi ficar mais alguns meses e aluguei uma pequena casa na aldeia próxima.

O Estado de Graça

A vida segue o seu percurso e as coisas acontecem. Quando estamos na “busca” a Graça trata de promover os encontros, tudo faz sentido. Dois meses mais tarde, em Julho de 2011, uma ida normal à cidade vizinha e depois um banho num rio, tornaram-se no encontro mais marcante de toda a minha vida.
Fui com uma amiga às compras e no caminho perguntei-lhe se queria tomar um banho numa albufeira linda que tinha conhecido alguns dias antes. E fomos. Quando chegámos deparamo-nos com um grupo que se preparava para tomar banho. Parei o carro e disse-lhe: vamos embora, devem querer estar aqui tranquilos. Nesse momento aproximou-se do carro uma figura, não pude deixar de sentir a sua enorme presença, calmo, tranquilo, um sorriso lindo e verdadeiro, pôs as mãos na janela e olhou bem dentro dos meus olhos e disse sorrindo: Stay here with us! Senti uma força enorme dentro de mim, as palavras e o olhar dele eram a Paz, o Amor. Saímos do carro e fomos para a lagoa. Perdi a noção do tempo, mas penso que ficamos cerca de uma hora dentro de água a rir, flutuar e nadar. Rimos com vontade, ninguém falava, só desfrutávamos daquele delicioso momento. Saímos e sentámo-nos. Cantaram, partilharam fruta e ninguém falava, riam e cantavam. Foi extraordinário! No fim quando estávamos a ir embora perguntei quem eram e então disseram-me: somos o grupo de seguidores, a Sangha, do Mooji, Mestre Espiritual. Não queria acreditar, aquilo que procurava veio ter comigo sem esforço nenhum, passei meses na busca dum mestre e ele veio ter comigo da forma mais simples e natural. Lembro-me que quando estávamos a cantar sentados e o Mooji chegou ao pé de mim, pôs-se de cócoras e abraçou-me. Senti-me no Céu, a Presença dele era fortíssima, tomou conta de mim uma Paz profunda. Olhei para os olhos dele e vi uma Paz enorme dentro daquele Ser, um olhar tranquilo e vazio, mas ao mesmo tempo forte e cheio de vida. Senti um Amor enorme por Ele.
A partir desse dia a minha ligação com Mooji e o seu grupo de seguidores foi regular. Ia a Monte Sahaja 2 a 3 dias por semana.
Algumas semanas mais tarde, numa conversa com ele, quando estava a pensar ir ao Brasil, disse-me: Não vais ao Brasil, o teu lugar é aqui comigo, até não precisares mais de mim. Naquele momento tornou-se o meu Mestre, interiormente assumi-O, percebi que tinha encontrado o meu Mestre. Tinha-me tornado discípulo do Mooji.
O amor por Mooji era enorme. Desde esse dia passou a ser a minha casa, apesar de não dormir lá e de trabalhar noutra comunidade de manhã. Assim que acabava o meu trabalho ia para lá. Ouvi dezenas de Satsangs espontâneos e também os oficiais aos Domingos, participei em retiros e trabalhei na construção do Ashram. Tive momentos de Beatitude, Felicidade e Alegria para além do conceito de Beatitude, Felicidade e Alegria.
Um dia numa sessão de atribuição de nomes espirituais, Mooji deu-me o nome GANESHA. Passei a ser chamado e conhecido, na Sangha por GANESHA. Assumi o nome.
No dia 24 de Agosto de 2012, às 3 da manhã, tinha acordado e estava a tentar perceber quem eu era e, de repente, aconteceu; tudo ficou claro, o meu corpo ficou energético, uma energia calma mas vibrante, a Paz e o Silêncio eram profundos e desde esse dia até hoje nunca mais se foram. Adormeci e quando acordei senti a energia vibrante no meu corpo e a mente não mais estava lá a falar, estava tranquila. Tudo o que me rodeava era igual mas percecionado duma forma diferente, as cores e as formas tinham uma vida diferente. Percebi que falava sem estar a seguir um pensamento, as palavras saiam do nada e quando alguém falava elas entravam no nada, não tinha mais necessidade de dizer o que me vinha à mente, os pensamentos não tinham onde se agarrar, vinham e iam. Estar comigo era suficiente. A sensação de ser suficiente, não precisar de nada, era clara. Passei a ser Presença, Paz, Felicidade e Alegria, para além de tudo o que possa vir e ir. Tudo se dissolveu e com essa dissolução foi a pessoa, a minha mente deixou de ser o meu carrasco e passou a estar ao meu serviço. Passei a ter uma sensação de existência de Ser. Tinha terminado a busca!
Hoje, continuo a trabalhar na mesma comunidade e a colaborar na construção e manutenção do Asrham do meu bem-amado Mestre Mooji.